Coagulação Intravascular Disseminada (CID) em Cães

A coagulação intravascular disseminada (CID) é uma condição grave e complexa que afeta a capacidade do sangue de coagular corretamente. Embora não seja uma doença primária, a CID é uma complicação secundária que pode surgir devido a várias condições subjacentes, como infecções graves, traumatismos, doenças autoimunes, neoplasias e intoxicações. Em cães, essa condição é de alta gravidade, exigindo intervenção veterinária imediata para evitar desfechos fatais.

O que é a CID?

A CID ocorre quando o sistema de coagulação do corpo é ativado de forma descontrolada. Isso leva à formação excessiva de pequenos coágulos dentro dos vasos sanguíneos, o que pode bloquear a circulação e prejudicar órgãos vitais, como rins, fígado e pulmões. Com o tempo, o organismo esgota os fatores de coagulação e plaquetas, resultando em um estado de hemorragia generalizada.

A CID pode ocorrer de forma aguda ou crônica. A forma aguda é mais comum e apresenta uma progressão rápida e potencialmente fatal. Já a forma crônica pode ser mais lenta e estar associada a doenças como câncer.

Causas da CID em Cães

Diversas condições podem desencadear a CID em cães, incluindo:

  • Infecções graves: Sepse e infecções bacterianas são gatilhos comuns para a CID.
  • Neoplasias (câncer): Tumores malignos podem estimular a ativação da coagulação.
  • Traumas severos: Lesões extensas podem iniciar a cascata de coagulação descontrolada.
  • Choque: Condições de baixo fluxo sanguíneo podem levar à ativação da coagulação.
  • Doenças autoimunes: Enfermidades como a anemia hemolítica imunomediada podem causar CID.
  • Pancreatite grave: Inflamações no pâncreas podem desencadear a CID.
  • Intoxicações: Algumas toxinas podem afetar a coagulação e levar à CID.

Sintomas da CID em Cães

Os sinais clínicos da CID podem variar dependendo da fase da doença e da gravidade da condição. Alguns dos sintomas mais comuns incluem:

  • Sangramentos espontâneos: Hemorragias nas gengivas, pele, nariz e olhos.
  • Petéquias e equimoses: Pequenas manchas roxas na pele indicam sangramento capilar.
  • Fraqueza e letargia: Devido à perda de sangue e danos órgânicos.
  • Dificuldade respiratória: Causada por microtrombos nos pulmões.
  • Febre ou hipotermia: Dependendo da causa subjacente.
  • Choque: Nos casos mais graves, o cão pode entrar em estado de choque devido à falta de oxigenação dos tecidos.

Diagnóstico da CID

O diagnóstico da CID é desafiador, pois não há um exame específico para confirmá-la. No entanto, o veterinário pode suspeitar da condição com base no histórico do animal, sinais clínicos e exames laboratoriais, como:

  • Hemograma completo: Pode mostrar anemia, baixa contagem de plaquetas (trombocitopenia) e anormalidades nos glóbulos brancos.
  • Tempo de coagulação: Exames como TAP (tempo de protrombina) e TTPA (tempo de tromboplastina parcial ativada) podem estar prolongados.
  • Fibrinogênio e produtos de degradação da fibrina: Indicadores de ativação da coagulação e fibrinólise.
  • Teste de produtos de degradação do fibrinogênio (PDFs) e D-dímero: Níveis elevados são indicativos de CID.

Tratamento da CID

A CID é uma emergência veterinária e requer tratamento imediato. Como a CID é uma condição secundária, a abordagem principal é tratar a doença subjacente. Algumas medidas de suporte incluem:

  • Terapia com fluidos: Para estabilizar a pressão arterial e manter a circulação.
  • Transfusão de sangue ou plasma: Para repor fatores de coagulação e plaquetas.
  • Uso de anticoagulantes: Em casos específicos, a heparina pode ser usada para reduzir a formação de trombos.
  • Controle da dor e suporte intensivo: Dependendo da gravidade do caso.

O prognóstico da CID é reservado, pois a taxa de mortalidade é alta. No entanto, o tratamento precoce e agressivo pode melhorar as chances de sobrevivência.

Prevenção da CID em Cães

Não há uma prevenção específica para a CID, pois ela é secundária a outras doenças. No entanto, algumas medidas podem ajudar a reduzir os riscos:

  • Vacinação e vermifugação adequadas para evitar doenças infecciosas.
  • Monitoramento de câes com doenças crônicas como câncer ou doenças autoimunes.
  • Evitar intoxicações mantendo produtos tóxicos fora do alcance dos cães.
  • Consulta veterinária regular para detecção precoce de doenças graves.

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